A CLT morreu em 2017. Mas poderá ser ressuscitada em 2019.

O  Projeto de Lei da Câmara (PLC) 38/2017 foi sancionado pelo presidente golpista Temer. Com isso, mais de 100 pontos da CLT sofrerão alterações. Algumas precarizam o trabalho imediatamente (como a que permite que grávidas trabalhem em ambientes insalubres), outras o farão no curto prazo (com a pejotização, a previsão das negociações coletivas sobrepujarem o legislado, e os desestímulos às ações trabalhistas na Justiça do Trabalho). Sob o pretexto da geração de empregos, o governo golpista entrega ao empresariado a contrapartida ao apoio ao GOLPE: a precarização do trabalho, que não gera empregos, e ainda diminui a renda do trabalhador.

Mas nem tudo está perdido. Como esse ataque aos trabalhadores foi perpetrado  por PLC, será possível revertê-lo, no Congresso, por maioria simples (metade dos parlamentares, mais 1). Nesse ponto, as eleições de 2018 serão decisivas.

Independente do ex-presidente Lula ser ou não o candidato das esquerdas (tendo em vista a intenção dos golpistas de torná-lo inelegível), o importante, desde já, é a construção de um discurso que esclareça à população:

1. Cada prejuízo aos trabalhadores que esse PLC gerou;
2. Como cada parlamentar e partido votou nessa matéria;
3. Que será possível reverter esse quadro, se a população votar nos candidatos das esquerdas, nas eleições de 2018.

Essa deve ser a linha de argumentação. Devemos mostrar, paulatinamente, cada caso prático de retrocesso nas relações trabalhistas. Apontar a responsabilidade dos golpistas nesse massacre. E lembrar os que lutaram contra isso, e que podem, se forem (re)eleitos, devolver ao país a proteção social que a CLT garantia.

A eleição de 2014, que reelegeu a presidenta Dilma, também elegeu um dos Congressos mais conservadores da nossa História. Capitaneado por Eduardo Cunha, com apoio irrestrito do PSDB, DEM e seus tentáculos, a sabotagem do "quanto pior, melhor" jogou o país numa crise política, que agravou a crise econômica que se iniciou, em escala global, em 2015.

Sem esse Congresso conservador, com suas bancadas BBB (o "boi" do agronegócio, a "bala" da indústria armamentista e a "bíblia" da extrema-direita - cristã só no discurso), o GOLPE não teria êxito, nem tampouco o recente extermínio do legado varguista.

Por isso a importância do discurso neste momento. Até as eleições de 2018, tão importante quanto eleger um presidente de esquerda, se possível o Lula, é expulsar do Congresso, pelo voto, os partidos golpistas. A população já dá sinais de consciência dos prejuízos, morais e econômicos, do GOLPE de 2016. E saberá punir, nas urnas, cada parlamentar que ajudou a rasgar a CLT, a retirar direitos do povo, e que se vendeu pelo GOLPE.

Mas para que isso aconteça, repetimos, o discurso tem que ser objetivo e constante. Os resultados trágicos para a população serão sentidos muito rapidamente. Caberá às esquerdas apontá-los, se consolidando como a única alternativa para a reversão deste momento tão triste para nossa Democracia.

Por Francisco Mestre

Imagem: http://www.fup.org.br/ultimas-noticias/item/20830-dilma-golpe-matou-a-clt-e-feriu-de-morte-os-direitos-dos-trabalhadores