"Nossa bandeira SEMPRE será vermelha": como ser "coxinha" se tornou o OPOSTO de ser "brasileiro".

Nesses tempos de extrema polarização política, iniciada nas eleições de 2014, e com tendência à intensificação nas eleições de 2018, torna-se cada vez mais relevante refletirmos sobre a essência e sobre as aparências das coisas.

A combinação do discurso de ódio do PSDB e seus tentáculos, da postura agressiva e desrespeitosa da mídia (quem não lembra da Patrícia Poeta com dedo em riste no JN?), e da Operação Lava Jato desacreditando a classe política como um todo, resultou na polarização entre os defensores dos governos Lula/Dilma e os opositores aos governos Lula/Dilma (o próprio Aécio baseou sua campanha no antipetismo, apesar de ter afirmado que iria "manter" os programas sociais, "copiando" as coisas que "deram certo").


Após a derrota tucana em 2014, o PSDB partiu para todo tipo de sabotagem: pediu recontagem dos votos; contestou as urnas eletrônicas; acusou o uso da máquina pública. Tudo para desestabilizar o governo recém reeleito.

Mas a sabotagem realmente tomou corpo com a  associação do chantagista Eduardo Cunha com o PSDB, e com a traição do Temer/PMDB, até então base do governo Dilma. A atitude de "quanto pior, melhor" virou o modus operandi da oposição, que buscava a ingovernabilidade do governo Dilma a todo custo.

O tempo demonstrou que os defensores do GOLPE de 2016, os "coxinhas", com suas palavras de ordem ("Nossa bandeira jamais será vermelha"), e cartazes de extrema agressividade e desrespeito, reproduzindo o mesmo tom de ódio propagado na mídia, nada mais fizeram do que ajudar a retirar do poder uma presidenta honesta, contra a qual não pesa qualquer acusação de ilícitos,  para entregar o país e suas riquezas nas mãos de verdadeiros bandidos.

Agora, mais de um ano após o sucesso do GOLPE, o resultado é assombroso: direitos trabalhistas precarizados, economia em recessão e deflação, Previdência Social ameaçada, pré-sal entregue a empresas estrangeiras e um presidente acusado de corrupção passiva, obstrução de investigação e associação criminosa, envergonhando e apequenando o Brasil perante o resto do mundo. Mas agora, as panelas seguem mudas.
Então, o que é ser "brasileiro", nesse contexto ideológico?

Vestindo camisas da CBF e enrolados na bandeira nacional, os coxinhas, na realidade, apoiaram interesses contrários à ideia de Soberania Nacional. Apoiaram a queda de uma presidenta honesta, representante de um governo no qual o pobre chegou às universidades, conhecemos o pleno emprego (com CLT e tudo, vejam só!) e saímos do Mapa da Fome da ONU.

Mas não é só isso. Conforme pesquisas do DataFolha, o perfil dos coxinhas nas manifestações contra o governo Dilma passa longe do perfil médio dos brasileiros: maioria do sexo masculino, branca, com idade superior a 36 anos. Nada menos que 77% dos manifestantes têm ensino superior (média municipal é de 28%). Mais da metade dos entrevistados declarou renda familiar entre cinco e 20 salários mínimos (sendo 26% com renda de cinco a 10 salários mínimos, e 24% entre 10 e 20 salários mínimos). Mais que o dobro da média municipal, de 23% nessa faixa de renda. Outro dado, nada surpreendente: para 60% dos manifestantes, Fernando Henrique Cardoso foi o melhor presidente do país (para a população brasileira, esse índice é de apenas 15%).

Mas e quanto às manifestações contra o GOLPE, dos "mortadelas"? Segundo pesquisa do DataFolha, brilhantemente analisada por Eric Gil, do site Pragmatismo Político, constatou-se similaridades nos dados referentes a gênero (o que demonstra que a participação feminina na política, mesmo nas manifestações, poderia ser maior) e escolaridade (o que podemos entender como um reflexo positivo do aumento do acesso das classes menos favorecidas ao ensino superior, registrado nos governos Lula e Dilma). As diferenças ficaram nos dados referentes a idade e renda dos manifestantes.

"As manifestações pró-governo apresentaram uma maior presença de pessoas mais jovens". Segundo apurou Gil, 40% dos manifestantes contrários ao governo Dilma tinham mais de 50 anos, enquanto que dentre os manifestantes contra o GOLPE este número foi de 26%.

Quanto à renda, entre os manifestantes a favor do impeachment as pessoas de alta renda foram mais presentes: 43% das pessoas possuíam renda superior a 10 salários mínimos, enquanto apenas 28% dos manifestantes pró-governo se enquadravam nessa faixa de renda.

Logo, do ponto de vista sociográfico, os coxinhas são representantes, não da maioria da população brasileira, mas apenas de uma parcela, mais abastada.

Mas é nas suas bandeiras e em suas atitudes, que eles mais se distanciam do que se entende por ser "brasileiro". Manipulados em seu ódio mais imundo, emporcalhado por preconceitos de toda espécie, os coxinhas são responsáveis, sim, por todo retrocesso ao qual hoje o povo brasileiro está submetido, com o enfraquecimento da Soberania Nacional.

Por outro lado, os "mortadelas" defenderam o governo que mais avanços promoveu ao país, mas não só. Acima de tudo, se apoiaram em base jurídica: questionaram o impeachment sem crime de responsabilidade (por isso caracterizado como GOLPE), defenderam a presunção de inocência, o direito à ampla defesa, e demais premissas básicas do Estado Democrático de Direito.

Nesse sentido, ser "brasileiro", de fato, está muito mais alinhado àqueles que ostentam bandeiras vermelhas, do que àqueles que se caracterizam de forma estereotipada, mas cujo teor é falso, odioso, egoísta e de uma fragilidade ímpar.

É nesse contexto que afirmamos, com muito orgulho: nossa bandeira, nossa, dos brasileiros que defendem os interesses nacionais e de todo o povo, que luta pela maior distribuição de renda, pela defesa da valorização dos empregos, da Justiça realmente imparcial e isonômica, sempre foi, é, e sempre será, vermelha!

Por Francisco Mestre


Imagem coxinhas: http://diogobatalha/
Imagem Patrícia Poeta: https://andradetalis.wordpress.com/2014/08/19/as-duas-faces-de-patricia-poeta-a-bonner-de-saia-justa-entrevista-dilma-rousseff/

Fontes:
http://g1.globo.com/politica/eleicoes/2014/noticia/2014/07/aecio-diz-nao-ter-constrangimento-em-manter-programas-sociais-do-pt.html

http://m.congressoemfoco.uol.com.br/noticias/datafolha-perfil-dos-manifestantes-na-paulista-permanece-elitizado/

https://www.pragmatismopolitico.com.br/2016/03/quem-foi-pra-onde-uma-comparacao-entre-os-dias-13-e-18.html