Impressionante: trabalhadores teriam perdas de até 300% com planos de previdência privada.

O Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região divulgou em seu site uma informação bombástica para aqueles que (ainda) defendem a previdência privada: segundo estudo do ex-presidente da Associação Nacional dos Participantes do Fundo de Pensão (Anapar), José Ricardo Sasseron, a previdência privada pagaria benefícios cerca de 75% menores do que os pagos hoje pela Previdência Social. Ou em outras palavras: a Previdência Social pagaria benefícios 300% maiores em comparação aos planos de previdência privada.
Sasseron comparou o benefício de aposentadoria pela Previdência Social a que o trabalhador tem direito pelas regras atuais com o benefício que receberia se contribuísse com os mesmos valores para a previdência privada. Uma amostra dos resultados pode ser vista abaixo:


Outro ponto é que, ao contrário da Previdência Social, que é mantida pelo Estado, os planos de previdência privada obrigam o trabalhador a confiar em bancos privados, mais sujeitos às oscilações da economia. Se o banco quebra, todo o investimento de anos pode ser perdido.

Segundo o estudioso, “a garantia é o contrato com o banco. O problema é que a pessoa vai poupar durante 35 anos e depois receber o benefício durante 20, 30 anos. Quer dizer, vai ter uma relação de 50, 60 anos com o banco, e aí cabe a seguinte pergunta: quantas empresas com mais de 60 anos de existência existem no Brasil? Dá para confiar?”.

A professora do instituto de economia da UFRJ, Denise Lobato Gentil, reforça esse raciocínio. Segundo ela, as crises financeiras estão ficando cada vez mais longas e cada vez mais próximas umas das outras. Isso eleva muito o risco de se aplicar em um fundos de previdência privada.

Exemplos não faltam: as crises financeiras dos Estados Unidos, em 2007, e da Europa, em 2010, que levaram diversos fundos de previdência complementar à falência. De acordo com a OCDE, as perdas estimadas no final de 2008 teriam chegado a US$ 5,4 trilhões, por conta da crise iniciada no ano anterior.

O pior é que muita gente está embarcando nessa canoa furada.  Devido à ameaça da reforma da Previdência do governo Temer, houve uma corrida de brasileiros em direção aos planos de previdência privada: uma soma de R$ 114,72 bilhões entre janeiro e dezembro de 2016, crescimento de 19,93% em relação a 2015, segundo dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi).

A conclusão, na análise da profa. Gentil, é que o mercado de previdência complementar será favorecido com a reforma,  pois o setor público vai abrir espaço quando deixar de oferecer a cobertura que fornece hoje. Um cenário que já se mostrou desastroso no passado: o Chile já viveu essa experiência e teve que voltar atrás no governo de Michelle Bachelet.

O sistema previdenciário chileno, que foi privatizado em 1981, teve fracasso evidente, complementa Sasseron. “Cerca de 60% dos chilenos não contribuem para os planos de previdência. O benefício médio dos 40% que contribuíram por toda a sua vida de trabalho não chega a dois terços do valor do salário mínimo. Por isso os chilenos têm feito manifestações massivas para que o governo reimplante a previdência pública.”

Na Europa, países que sofreram o mesmo tipo de ajuste fiscal elevaram demais o empobrecimento dos idosos, resultando em desaceleração da economia europeia, afirma a profa. Gentil. Hoje, instituições como o FMI e o Banco Mundial não recomendam mais a privatização dos sistemas previdenciários.

Como vemos, essa reforma da Previdência, assim como tudo o que se refere ao governo golpista do Temer, está na contramão do mundo.

Por Francisco Mestre

Imagem: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/majestades-imperiais-o-super-salario-de-promotores-e-juizes-e-o-abuso-de-autoridade-por-joaquim-de-carvalho/

Fontes:
http://spbancarios.com.br/03/2017/previdencia-privada-um-pessimo-negocio